Thursday, December 11, 2008

SEXO TANTRICO

A obra


Os ensinamentos de Osho abrangem todos os setores da vida humana. Aqui falaremos de sua orientação quanto à prática sexual. Ele pregava o sexo tântrico, resumindo-o com essas simples palavras:

"Ao fazer amor, três coisas devem ser lembradas:

A primeira:

Nunca faça amor sem meditar. É importante adquirir um nível mais alto de consciência para o encontro. O casal deve sentar-se, silenciosamente, com uma luz suave, e permanecer sem movimentos, como uma estátua, por 40 minutos. Deve-se buscar a ausência total de pensamentos e a lentidão na respiração até o limite do possível para cada um. Esse exercício prepara o corpo para o amor, para o movimento sutil do prazer. Uma música clássica de fundo ajuda.

A segunda:

A veneração. É fundamental venerar o parceiro e deixar-se venerar por ele. Frente a frente, nus, os parceiros elevam sua admiração um pelo outro, isso porque o sexo tântrico só pode ser praticado entre deuses, e deuses devem ser venerados. Essa fase também deve durar em torno de 40 minutos. Essa atitude deve ser sublime, verdadeira, gestual, simbólica. Podem ser usados perfumes que serão friccionados em pés e mãos, e flores no leito. A humanidade torna-se irrelevante, o nome e o resto, tudo é pura energia.
A terceira:

Durante o amor, não faça, deixe-se fazer por ele. Sem pressa, vagarosamente, faça de seu corpo e do corpo do parceiro um instrumento musical, onde as energias farão fluir a mesma música.

Então, estas três coisas são: jogar a semente, cuidar da planta, e protegê-la, então a flor do tantra nascerá."

Amor e meditação

Amor e meditação

O dia 11 de junho de 1979 havia chegado e o Ashram estava lotado aguardando o início de mais uma série de palestras do Osho em inglês. Desde o final de 1978 havia uma expectativa no ar pois dizia-se que ele iria falar sobre "O Dhammapada", a essência dos ensinamentos de Buda. Às 8 horas, quando se esperava a chegada de Osho, foi anunciado que ele não estava bem de saúde e que não viria. Dez dias se passaram desde então e somente no dia 21 de junho, Osho voltou a falar. Foi quando ele deu início à série de palestras sobre "O Dhammapada". Havia sido uma longa ausência, a mais longa desde junho de 1974.



"........O ódio existe com o passado e com o futuro, enquanto o amor não precisa nem de passado nem de futuro. O amor existe no presente. O ódio tem uma referência no passado. Alguém abusou de você ontem e você está carregando isso como uma ferida, como uma ressaca. Ou pode ser que você esteja com medo de que alguém vá abusar de você amanhã, um medo, uma sombra de medo. E você já começa a se aprontar, começa a se preparar para ir de encontro à situação.
O ódio existe com o passado e com o futuro. Você não pode odiar no presente. Tente e você se sentirá completamente impotente. Tente isso hoje: sente-se em silêncio e odeie alguém no presente, sem qualquer referência ao passado ou ao futuro... você não consegue fazer isso. Isso não pode ser feito. Pela própria natureza das coisas, isso é impossível. O ódio só pode existir se você se lembrar do passado - esse homem fez alguma coisa com você ontem - aí o ódio é possível. Ou esse homem vai fazer alguma coisa com você amanhã - aí também o ódio é possível. Mas se você não tiver qualquer referência com o passado ou com o futuro - esse homem nada fez a você e nem vai fazer, esse homem está simplesmente sentado ali. Como você pode odiar? Mas você pode amar.
O amor não necessita de qualquer referência. Essa é a beleza do amor e a liberdade do amor. O ódio é uma escravidão. O ódio é uma prisão imposta por você a si mesmo. E o ódio cria ódio, o ódio provoca ódio. Se você odeia alguém, você está criando ódio no coração daquela pessoa contra você mesmo. E todo o mundo existe em torno do ódio, da destruição, da violência, da inveja, da competição. As pessoas estão cada qual atracadas no pescoço umas das outras, ou de verdade, na ação, ou pelo menos na mente. Em seus pensamentos todo mundo está matando, assassinando. É por isso que nós criamos um inferno em cima desta linda terra, que poderia ter se tornado um paraíso.
Ame e a terra se torna um paraíso novamente. E a imensa beleza do amor é que ele é, sem qualquer referência. O amor brota em você, sem qualquer razão. É a sua felicidade transbordando, é o seu coração compartilhado. É o compartilhar da canção do seu ser. E compartilhar é um ato tão cheio de alegria, que a pessoa compartilha. Compartilhar por ser bom compartilhar, por nenhum outro motivo.
Mas o amor que você conheceu no passado não é o amor do qual Buda está falando ou que eu estou falando. O seu amor nada mais é do que o outro lado do ódio. Então o seu amor tem referência. Alguém foi tão belo com você ontem, ele estava tão bom que você está sentindo um grande amor por ele. Isso não é amor. Isso é o outro lado do ódio. A prova disso é a referência. Ou alguém será bom para você amanhã, o jeito como ele sorri para você, o jeito como ele fala com você, o jeito como ele convidou você para ir à casa dele amanhã, ele será muito amável com você. E um grande amor desabrocha.
Esse não é o amor do qual Buda fala. Isso é ódio disfarçado em amor. É por isso que o seu amor pode se transformar em ódio a qualquer momento. Arranhe uma pessoa só um pouquinho e o amor desaparecerá e o ódio crescerá. Ele não é amor nem de raspão. Mesmo os chamados grandes amantes estão continuamente lutando, continuamente no pescoço dos outros, ranzinzas, destrutivos. E as pessoas pensam que isso é amor...
O seu amor não é realmente amor, ele é o seu oposto. Ele é ódio disfarçado em amor, camuflado como amor, exibindo-se como amor. O verdadeiro amor é sem referências. Ele não pensa sobre o ontem nem sobre o amanhã. O verdadeiro amor é um espontâneo jorrar de alegria em você... e o compartilhar isso... e derramar isso... pela simples alegria de compartilhar, sem qualquer outra razão, sem qualquer outro motivo.
Os pássaros cantando de manhã, esse cuco cantando lá longe... sem qualquer razão. O coração está simplesmente cheio de alegria e uma canção explode. Quando eu estou falando sobre o amor, eu estou falando sobre esse amor. Lembre-se disso. E se você puder entrar na dimensão desse amor, você estará no paraíso, imediatamente. E você começará a criar um paraíso na terra.
O amor cria amor, assim como o ódio cria ódio.
........O ódio nunca dissolve o ódio, a escuridão não pode dissolver a escuridão. Somente o amor dissolve o ódio, somente a luz pode dissolver a escuridão. Essa é a lei. O amor é luz, a luz de seu ser; e o ódio é a escuridão de seu ser. Se você estiver escuro por dentro, você vai sair lançando ódio por todos os lados. Se você tiver luz dentro, então você irá irradiar luz ao seu redor.
Ais dhammo sanantano...
Buda sempre repete isso. Essa é a eterna lei. Qual é a eterna lei? A que somente o amor dissolve o ódio, somente a luz dissolve a escuridão. Por que? Porque a escuridão em si mesma é apenas um estado negativo, ela não tem qualquer existência positiva. Ela não existe na verdade. Como você pode dissolvê-la? Você não consegue fazer coisa alguma diretamente com a escuridão. Se você quiser fazer alguma coisa com a escuridão, você terá que fazer com a luz. Traga a luz para dentro e a escuridão irá embora. Leve a luz para fora e escuridão entrará. Mas você não poderá trazer escuridão para dentro ou para fora diretamente, você não pode fazer coisa alguma com a escuridão.
Lembre-se de que você também não pode fazer coisa alguma com o ódio e essa é a diferença entre os professores da moral e os místicos religiosos. Os professores da moral seguem propondo a lei falsa. Eles propõem 'luta contra a escuridão, luta contra o ódio, luta contra a raiva, luta contra o sexo, luta contra isso, luta contra aquilo'. Toda a abordagem deles é 'luta contra o negativo', enquanto o verdadeiro e real mestre ensina a você a lei positiva: Ais dhammo sanantano, a lei eterna, 'não lute contra a escuridão'. E o ódio é escuridão, o sexo é escuridão, o ciúme é escuridão, a cobiça é escuridão e a raiva é escuridão.
Traga a luz para dentro...
Como a luz pode ser trazida para dentro? Torne-se silencioso, sem pensamentos, consciente, alerta, atento, desperto.... É assim que a luz é trazida para dentro. E no momento em que você estiver alerta e consciente, o ódio não será encontrado.Tente odiar alguém com consciência..... Esses são experimentos a serem feitos, não apenas palavras a serem entendidas, experimentos a serem feitos. É por isso que eu digo: não tente entender apenas intelectualmente, torne-se um experimentador existencial. Tente odiar alguém conscientemente e verá que isso é impossível. Ou a consciência desaparece e então você poderá odiar, ou, se você estiver consciente, o ódio desaparecerá. Eles não podem existir juntos. Não existe coexistência possível, a luz e a escuridão não podem existir juntas, porque a escuridão nada mais é que ausência de luz.
Os verdadeiros mestres ensinam a alcançar Deus, eles nunca lhe dizem para renunciar ao mundo. Renúncia é negativo. Eles nunca lhe dizem para escapar do mundo, eles lhe ensinam ir para Deus. Eles ensinam a você alcançar a verdade, não lutar contra as mentiras. E as mentiras são milhões. Se você for lutar contra elas, isso levará milhões de vidas e nada será alcançado. E a verdade é uma, e ela pode ser alcançada instantaneamente, neste exato momento é possível....
A vida é tão curta, tão momentânea... E você a está desperdiçando em discussões? Use toda a energia para meditação. É a mesma energia. Você pode brigar com ela ou você pode se tornar uma luz através dela...
Buda diz: Lembre-se, se você depende de seus sentidos, você permanecerá muito frágil, porque os sentidos não podem lhe dar força. Eles não lhe podem dar força porque eles não podem lhe dar uma base constante. Eles estão constantemente num fluxo, tudo está mudando. Onde você pode ter um abrigo? Onde você pode construir uma base?
Num momento esta mulher parece linda, num outro momento é uma outra mulher. Se você decidir pelos sentidos, você estará num constante caos, você não pode decidir porque os sentidos seguem mudando suas opiniões. Num momento uma coisa parece tão incrível, e num momento seguinte, ela é simplesmente feia, insuportável. E nós dependemos desses sentidos.
Buda diz: Não dependa dos sentidos, dependa da consciência. Consciência é alguma coisa escondida atrás dos sentidos. Não são os olhos que vêem. Se você for a um especialista em olhos ele irá dizer que são os olhos que vêem, mas isso não é verdade. O olho é apenas um mecanismo, através dele alguém vê. O olho é apenas uma janela e a janela não pode ver. Quando você se coloca diante de uma janela, você pode olhar para fora. Alguém que passa pela rua pode pensar: 'a janela está me vendo'. O olho é apenas uma janela, uma abertura. Quem está por trás dos olhos?
O ouvido não ouve, quem está por trás do ouvido? Quem ouve? Quem sente? Siga pesquisando isso e você encontrará alguma base, de outra forma, sua vida será apenas uma folha seca ao vento....
A meditação fará você desperto, forte e humilde. A meditação fará você desperto porque ela dará a você a primeira experiência de si mesmo. Você não é o corpo e você não é a mente. Você é pura consciência presenciando, testemunhando. E quando essa consciência que testemunha é tocada, um grande despertar acontece, como se uma cobra estivesse quieta enroscada e de repente desse um bote, como se alguém estivesse dormindo e tivesse sido chacoalhado e despertasse. De repente, há um grande despertar interno. Pela primeira vez você sente que você é. Pela primeira vez você sente a verdade de seu ser.
E certamente isso faz você forte, você não é mais frágil, não como uma árvore fraca que qualquer vento curva. Agora você se tornou uma montanha. Agora você tem uma base, agora você está enraizado, nenhum vento pode curvar a montanha. Você se torna desperto, você se torna forte e ainda, você se torna humilde. Essa força não traz qualquer ego para você. Você se torna humilde porque você se torna consciente de que a mesma alma que testemunha existe em todo mundo, mesmo em animais, pássaros, plantas, rochas. Essas são apenas maneiras diferentes de dormir. Algumas pessoas dormem para o lado direito, algumas pessoas dormem para o lado esquerdo e algumas pessoas dormem de costas... Essas são maneiras diferentes de dormir. Uma rocha tem sua maneira própria de dormir, uma árvore, uma maneira diferente de dormir, um pássaro, uma maneira ainda diferente. Mas são apenas diferenças nas maneiras e nos métodos de dormir. Fora isso, mais profundamente, no centro de todo ser, está o mesmo testemunhar, o mesmo Deus. Isso faz você humilde, por que mesmo diante de uma rocha você sabe que você não é ninguém especial, por que toda a existência é feita da mesma substância chamada consciência. E se você estiver desperto, forte e humilde, você se torna mestre de si mesmo....."


OSHO - The Book of the Books - Volume I
Palestras sobre O Dhammapada, de Gautama, o Buda
tradução: Sw.Bodhi Champak

Rebelião não é luta, é pura compreensão.

Rebelião não é luta, é pura compreensão.

Pergunta: Osho, freqüentemente eu ouço você falar sobre rebelião. Os padres e as freiras e os pais que definiram minha educação, agora estão velhos. A maioria já morreu. Parece que não vale a pena rebelar-me contra aquelas pessoas velhas e desamparadas.
Agora, eu mesmo sou o padre e as doutrinas. Eu sinto que me rebelar contra qualquer coisa do lado de fora de mim é um desperdício de tempo e esse não é exatamente o ponto. Isso torna a situação muito mais frustrante e embaraçosa. Parece que algo dentro de mim tem que se rebelar contra algo dentro de mim. Eu aceito que não é o meu ser essencial - a face original - que tem que se rebelar. É o self treinado - o subterfúgio. Mas, para me rebelar, eu tenho que usar esse "self" pois ele é o único que eu conheço. Como pode o subterfúgio se rebelar contra o subterfúgio?




"A rebelião da qual eu tenho falado não tem que ser feita contra ninguém. Ela não é na verdade uma rebelião, mas somente uma compreensão. Não, você não tem que lutar contra os padres, as freiras e os pais externos. E você não tem também que lutar contra os padres, freiras e pais internos. Porque, internos ou externos, eles estão separados de você. O externo está separado, e o interno também está separado. O interno é apenas o reflexo do externo.
Você está perfeitamente certo ao dizer: 'parece que não vale a pena rebelar-me contra aquelas pessoas velhas e desamparadas'. Eu não estou dizendo a você para se rebelar contra aquelas pessoas velhas e desamparadas. E eu também não estou dizendo a você para se rebelar contra tudo o que eles incutiram em você. Se você se rebelar contra sua própria mente, isso será uma reação, não uma rebelião. Note a diferença. A reação surge a partir da raiva; a reação é violenta. Numa reação você se torna cego de raiva. Numa reação você passa para o outro extremo.
Por exemplo, se os seus pais ensinaram você a ficar limpo e tomar um banho todo dia, e mais isso e mais aquilo, e se foi ensinado a você desde pequenino que a limpeza está próxima de Deus; o que você fará, se um dia você começar a se rebelar? Você vai parar de tomar banho. Você vai começar a viver imundo.
Isso é o que os Hippies seguiram fazendo ao redor do mundo. Eles pensavam que isso era rebelião. Eles passaram para o outro extremo. A eles foi ensinado que a limpeza era divina; agora eles estão pensando que a imundície é divina, que a sujeira é divina. De um extremo, eles passaram para o outro. Isso não é rebelião. Isso é raiva, isso é ira, isso é desforra.
Enquanto você estiver reagindo aos seus pais e às suas idéias de limpeza, você ainda está apegado àquelas mesmas idéias. Elas ainda estão dentro de você, elas ainda têm um poder sobre você, elas ainda são dominante, elas ainda são decisivas. Elas ainda decidem a sua vida, embora você tenha se tornado o oposto delas; mas elas decidem. Você não pode tomar um banho tranqüilo, pois você se lembrará de seus pais que o forçavam a tomar banho todos os dias. Agora você não quer tomar mais banho, de jeito algum.
Quem está dominando você? Ainda os seus pais. O que eles fizeram com você, você ainda não foi capaz de desfazer. Isso é uma reação, isso não é rebelião.
Então o que é rebelião? Rebelião é pura compreensão. Você simplesmente compreende qual é o caso. Então você não fica mais obcecado por limpeza, e isso é tudo. Isso não quer dizer que você vá se tornar sujo. A limpeza tem sua própria beleza. Mas a pessoa não deve ficar obcecada por ela, porque obsessão é doença.
Por exemplo, uma pessoa lavando suas mãos continuamente por todo o dia - isso é neurose. Lavar as mãos não é uma coisa ruim, mas lavar suas mãos por todo o dia é loucura. Mas se, de lavar as mãos por todo o dia, você passar a não lavá-las; se você parar de lavá-las para sempre, então de novo você terá caído na armadilha, num outro tipo de loucura, o tipo oposto.
Um homem de compreensão lava suas mãos quando é necessário, ele não está obcecado com isso. Ele é simplesmente espontâneo e natural a respeito disso. Ele vive inteligentemente e isso é tudo.
Mas, se você não prestar muita atenção nos pequenos detalhes, não verá muita diferença entre obsessão e inteligência . Por exemplo, se você cruzar com uma cobra no caminho e você der um salto, naturalmente você deu um salto devido ao medo. Mas esse medo é inteligência. Se você não for inteligente, for estúpido, você não vai pular para fora do caminho e, desnecessariamente, estará colocando a sua vida em perigo. A pessoa inteligente irá pular imediatamente - a cobra está ali. Isso é devido ao medo, mas esse medo é inteligente, positivo, está a serviço da vida.
Mas esse medo pode se tornar obsessivo. Por exemplo, você pode não querer sentar dentro de uma casa. Quem sabe? Ela pode desmoronar. E sabe-se que casas se desmoronam, isso é verdade. Algumas vezes, elas têm desmoronado; você não está absolutamente errado. Você pode argumentar: 'se outras casas desmoronaram, por que não esta?' Agora você está com medo de viver sob qualquer teto - ele pode desabar. Isso é uma obsessão. Isso agora se tornou não-inteligente.
É bom estar alerta de que você está comendo um alimento limpo. Mas eu conheço um homem, um grande poeta... Certa vez ele viajava comigo. Sua esposa me contou, 'Agora você saberá o quanto é difícil viver com esse homem.' Eu perguntei: 'Qual é o problema?'. Ela disse: 'Você vai saber por si próprio.' Ele não bebia nenhum chá, nem água, em nenhum lugar. Era muito difícil, porque ele dizia, 'quem sabe se não existem germes no chá ou na água?' Ele não comia em nenhum hotel. Isso se tornou um tal problema... E nós tínhamos que viajar trinta e seis horas de trem e ele estava morrendo de fome e com sede e ele não bebia água.
Eu tentei de toda maneira persuadi-lo. Ele dizia, 'Não. Quem sabe? E se houver germes? É melhor,' dizia ele, 'passar fome por trinta e seis horas e não comer. Eu não vou morrer, não se preocupe,' Mas eu podia ver que o homem estava torturando a si mesmo. Era um verão muito quente e ele estava com sede. E eu tentava em toda estação - eu trazia soda, trazia coca-cola, eu trazia tudo que podia. Mas ele dizia, 'Esqueça isso - eu não posso tomar nada a não ser que eu esteja absolutamente seguro. Qual é a segurança? Qual é a garantia?'
E ele não estava absolutamente errado, isso é verdade. Você conhece a Índia, e você conhece as estações indianas e os hotéis indianos. Você sabe. Ele está certo, mas agora ele está levando essa lógica longe demais.
Então eu disse a ele, 'Pare de respirar também!' Ele disse: 'Por que?' Eu disse: 'Quem sabe, qual é a garantia? Pare de respirar! Ou beba esta água ou pare de respirar!' Então ele olhou para mim assustado, porque eu estava realmente raivoso. 'Por que você segue respirando? Quem sabe, podem existir germes, existem germes em toda parte.'
Ele tomou uma xícara de chá, mas a maneira como ele tomou...! Sua face... Eu não consigo esquecer. Já se passaram dez anos, mas eu não consigo esquecer a sua face - era como se eu estivesse matando aquele homem! Eu era um assassino! E ele estava obrigando-me a isso.
Na estação seguinte, ele desceu e disse, 'Eu não posso viajar com você; eu vou voltar para casa. 'Eu disse, 'Qual é o problema? 'Ele disse, 'Você estava com tanta raiva, e parecia que você ia começar a me bater ou alguma coisa assim. E você disse: Não respire mais. Como eu posso parar de respirar?' Eu disse, 'Eu só estava dando a você um argumento, que se você pode respirar, por que não beber a água? É a mesma água indiana e o mesmo ar indiano. Não há com que se preocupar.'
Ele se recusou a viajar comigo. Eu tive que viajar sozinho. Ele retornou e desde então eu nunca mais o vi.
A pessoa pode se tornar obsessiva a respeito de qualquer coisa. Qualquer coisa que pode ser inteligente dentro de certos limites, pode se tornar uma neurose se você ampliar esses limites. Reagir é passar para o outro extremo. Rebelião é uma compreensão muito profunda, compreensão profunda de um certo fenômeno. A rebelião sempre mantém você no meio, ela dá a você um equilíbrio.
Você não tem que brigar com ninguém, as freiras e os padres e os pais, externos e internos. Você não tem que brigar com ninguém, porque numa briga você nunca sabe onde vai parar. Numa briga a pessoa perde a consciência; numa briga a pessoa passa logo para os extremos. Você pode observar isso.
Por exemplo, você está sentado com seus amigos e, no meio da conversa, você diz, 'Aquele filme que eu vi ontem não vale a pena ser visto.' Isso pode ter sido um comentário à-toa, mas então alguém diz, 'Você está errado. Eu também vi o filme. Ele é um dos mais belos filmes que já foram feitos.' Você foi provocado, desafiado; e agora você se enche de argumentos. Você diz, 'ele não tem valor, é a coisa mais sem valor que existe!' E você começa a criticar. E se o outro também insistir, você vai se tornar mais e mais raivoso e vai começar a dizer coisas que você nem mesmo tinha pensado a respeito. E mais tarde, se você olhar para trás e ver todo o fenômeno que aconteceu, você ficará surpreso pois quando você mencionou que o filme não valia a pena ser visto era uma afirmação muito moderada, mas com o passar do tempo você adotou argumentos e você já estava numa posição extremada. Você usou tudo que era possível, todas as palavras mais desagradáveis que você conhecia. Você condenou de toda maneira, você usou toda a sua habilidade para condenar. E você não estava com disposição para fazer isso no começo. Se ninguém tivesse contestado você, você poderia ter esquecido aquele assunto, você não iria nunca fazer aquelas afirmações pesadas.
Isso acontece - quando você começa a brigar, a tendência é você passar para os extremos.
Eu não estou ensinando você a brigar com seus condicionamentos. Compreenda-os. Torne-se mais inteligente a respeito deles. Simplesmente veja como eles dominam você, como eles influenciam o seu comportamento, como eles modelam a sua personalidade, como eles seguem atingindo você pela porta dos fundos. Simplesmente observe! Seja meditativo. E um dia, quando você tiver visto o funcionamento dos seus condicionamentos, de repente um equilíbrio será alcançado. Em sua real compreensão você estará livre.
Compreensão é liberdade, e essa liberdade eu chamo rebelião.
O verdadeiro rebelde não é um lutador; ele é um homem de compreensão. Ele simplesmente cresce em inteligência, não em raiva, não em ira. Você não consegue transformar a si mesmo tendo raiva de seu passado. Dessa maneira, o passado irá continuar dominando você, o passado continuará sendo o centro de seu ser, o passado permanecerá o seu foco. Você permanecerá focado, preso ao passado. Você poderá passar para o outro extremo, mas você ainda continuará preso ao passado.
Fique alerta quanto a isso! Esse não é o caminho de um meditador, esse não é o caminho de um sannyasin. Sannyas é rebelião - rebelião através da compreensão. Simplesmente compreenda.
Você passa ao lado de uma igreja e um profundo desejo surge em você de ir ao interior e orar. Ou você passa ao lado de um templo e inconscientemente você se curva diante de uma divindade do templo. Simplesmente observe. Por que você está fazendo essas coisas? Eu não estou dizendo para brigar. Eu estou dizendo para observar. Por que você se curva diante do templo? Porque foi ensinado a você que esse é o templo certo, que a divindade desse templo é a imagem verdadeira de Deus. Você sabe? Ou isso foi simplesmente dito a você e você continua seguindo isso? Observe!
Vendo isso, que você está simplesmente repetindo um programa que foi dado a você, que você está simplesmente repetindo um mesmo disco em sua cabeça, que você está sendo um autômato, um robô, você irá parar de se curvar. Não que você tenha que fazer qualquer esforço, você simplesmente irá se esquecer de tudo a respeito disso. Isso irá desaparecer, isso abandonará você sem deixar qualquer traço.
Quando você reage, o traço permanece lá. Mas, na rebelião não fica nenhum traço; é liberdade completa.
Você tem simplesmente que ser um observador. E o observar é a sua face original; aquele que observa é a sua consciência verdadeira. Aquilo que é observado é o condicionamento. Aquele que observa é a fonte divina de seu ser.